sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Memória

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Drummond

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

eu na terceira pessoa do singular

De todas as cores, azul.
De todas as flores, gérbera. Ora toda noite antes de dormir. E nunca esquece de agradecer pelas bonitezas do dia.
Agradece também pelo que é feio, mas engrandece.
Acredita que o sofrimento enobrece, mas nem sempre, porque prefere o caminho mais fácil.
Aprendeu algumas coisas, além do riso fácil e do olhar ágil. Está sempre apressada e atrasada. Fala mais com as mãos, que com a boca.
Pensa mais rápido que fala e quase não fala o que pensa. Aprendeu a ser comedida. Tropeçou muitas vezes no caminho. Já se apaixonou pra sempre. Já morreu de amor.
Não acredita mais em príncipe encantado, mas torce pra que lhe provem o contrário todo-santo-dia.

domingo, 26 de agosto de 2012

Desejo...

Que todo mundo tenha um amor quentinho. Descanso pro complicado do mundo. Surpresa pra rotina dos dias. A quem esperar. De quem sentir saudades. Um nome entre todos. O verso mais bonito. A música que não se esquece. O par pra toda dança. Por quem acordar. Com quem sonhar antes de dormir. Uma mão pra segurar, um ombro pra deitar, um abraço pra morar. Um tema pra toda história. Uma certeza pra toda dúvida. Janela acesa em noite escura. Cais onde aportar. Bonança, depois da tempestade. Uma vida costurar na sua, com o fio compriiiiido do tempo.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Casa do meu avô

"...a casa de meu avô...Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade..."

Manuel Bandeira 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Fora de controle

Amor é uma injustiça, minha filha.
Uma monstruosidade.
Você mentirá várias vezes que nunca amará ele de novo e sempre amará, absolutamente porque não tem nenhum controle sobre o amor.

(Carpinejar)

domingo, 19 de agosto de 2012

gosto de festa

Eu tenho pra mim que cada sorriso carrega uma magia de segredos doces inventados por Deus. E isso me soa como um toque divino em cada um de nós. Falo daqueles sorrisos sinônimos de fascínio. De presentes intocáveis, mas sentidos. De uma expressão com cheiro de flor. De flashes estrelados. De amor que sobra e é distribuído com gosto de festa.

#Ontem bodas de ouro dos meus pais!

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

tenho que escrever...

... o que não ponho em palavras, no papel, o tempo apaga.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Otimista de carteirinha

Sou uma otimista de carteirinha. Pode colocar aí no meu CPF: Caminho Para Felicidade. Eu sei que alguns vão torcer o nariz, outros não vão acreditar, mas eu ando em busca daquilo que acrescenta. As deficiências de todo o dia já são suficientes, não preciso dar minha dose de colaboração. Se for pra contribuir, que seja então para tirar o peso dos passos e dar leveza ao olhar. A inquietação faz parte, mas é a confiança que impulsiona.
Fernanda Gaona

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Dona moça, me faz um favor?



Dona moça, me faz um favor? 
Não supervalorize os maldosos que te atravessarem o caminho. 
Não dê importância demais a quem perde horas do seu dia tentando borrar seu sorriso. 
Pise forte na maldade. Sem tropeçar, sem fraquejar. 
Junte todas as pessoas que te querem bem, te mandam boas vibrações e te enchem de paz, e esmague as más vibrações com o peso delas. 
Não aceite críticas de qu...em não conhece suas lutas diárias. 
Não tolere julgamentos de quem não consegue ficar em paz diante do seu brilho. E brilhe cada vez mais forte, até cegar a energia ruim dessa gente que tenta ser feliz por vingança, enquanto você planta paz e esperança e colhe alegrias por merecimento.
Envie luz pra quem te calunia e deseja mal. 
Deseje fé em si mesmo, pra quem não consegue acreditar na felicidade que tanto diz estar vivendo. 
Espalhe suas levezas e doçuras, desate os nós que o passado deixou e flutue. 
Se algumas pessoas te desejarem o mal, deseje a elas amor. E felicidade o suficiente pra que vivam as suas vidas e esqueçam de uma vez por todas da sua.
Esquece essa gente pequena, dona moça. Não é todo mundo que guarda no peito, um baú feito o seu, cheio de inspiração, flores, cores e delicadezas.
Tem gente que transforma o que passou, em mágoa. 
Feliz é você, dona moça, que pega o que restou do passado e transforma em poesia.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Não passe adiante.

Não que eu não acredite em maldade, só prefiro não passá-la adiante...

sábado, 11 de agosto de 2012

sem ponto, vírgulas e ponto e vírgulas...

"e de repente outra vez iam existir essas coisas duras que vejo da janela na televisão no cinema na rua em mim mesmo e que eu ia como sempre sair caminhando sem saber aonde ir sem saber onde parar onde pôr as mãos os olhos e ia me dar aquela coisa escura no coração e eu ia chorar chorar durante muito tempo sem nin-guém ver é verdade tenho pena de mim e sou fraco nunca antes uma coisa nem ninguém me doeu tanto como eu mesmo me dôo agora mas ao menos nesse agora eu quero ser como eu sou e como nunca fui e nunca seria se continuasse me entende eu não conseguiria não você não me entendeu nem entende nem entenderia você nem sequer soube sabe saberá amanhã você vai ler esta carta e nem vai saber que você poderia ser você mesmo e ainda que soubesse você não poderia fazer nada nem ninguém eu já não acredito nessas coisas por isso eu não te disse compreende talvez se eu não tivesse visto de repente o que vi não sei no mo-mento em que a gente vê uma coisa ela se torna irreversível inconfundível porque há um mo-mento do irremediável como existem os momentos anteriores de passar adiante tentando arrancar o espinho da carne há o momento em que o irremediável se torna tangível eu sei disso não queria demonstrar que li algumas coisas e até aprendi a lidar um pouco com as palavras apesar de que a gente nunca aprende mas aprende dentro dos limites do possível acho não quero me valorizar não sou nada e agora sei disso...mas não quero falar nisso podia falar de quando te vi pela primeira vez sem jeito de repente te vi assim como se não fosse ver nunca mais e seria bom que eu não tivesse visto nunca mais porque de repente vi outra vez e outra e outra e enquanto eu te via nascia um jardim nas minhas faces não me importo de ser vulgar não me importa o lugar-comum dizer o que outros já disseram não tenho mais nada a resguardar um momento à beira de não ser eu não sou mais tudo se revelou tão inútil à medida em que o tempo passava tudo caía num espaço enorme amar esse espaço enorme entre mim e você mas não se culpe deixa eu falar como se você não soubesse não se culpe por favor não se culpe ainda que esse som na campainha fosse gerada pelos teus dedos eu não atenderia eu me recuso a ser salvo e é tão estranho o entorpecimento começa pelos pés aquela noite eu ainda esperava quase digo sem querer teu nome digo ou escrevo não tem importância vou escrevendo e falando ao mesmo tempo com o gravador ligado é estranho me desculpa saí correndo no parque e me joguei na água gelada de agosto invadi sem ter direito a névoa dos canteiros destaquei meu corpo contra a madrugada esmaguei flores não nascidas apertei meu peito na laje fria do cimento a névoa e eu o parque e eu a madrugada e eu costurado na noite cerzido no escuro porque me dissolvia à medida em que me integrava no ser do parque e me desintegrava de mim mesmo preenchendo espaços aqueles enormes espaços brancos terrivelmente brancos e você não teve olhos para ver que o parque era você a água você a névoa você a madrugada você as flores você os canteiros você o cimento você não teve mãos para mim só aquela ternura distraída a mesma dos edifícios e das ruas mas eles me desesperavam você me desesperava eu não quero falar nelas mas elas estão na minha cabeça como os meus cabelos e as vejo a todo instante..."

Caio F. Abreu

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Será?

Certezas o vento leva... só dúvidas ficam de pé...

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Reverência ao destino

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.

Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.
Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.
Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso.
E com confiança no que diz.
Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer ou ter coragem pra fazer.
Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende.
E é assim que perdemos pessoas especiais.
Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.
Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto.
Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.
Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"
Difícil é dizer "adeus", principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...
Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida.
Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.
Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só.
Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar, e aprender a dar valor somente a quem te ama.
Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência, acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.
Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las.
Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.
Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta ou querer entender a resposta.
Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.
Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma, sinceramente, por inteiro.
Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.
Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém, saber que se é realmente amado.
Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Cada vez menor...

Imagine que vou fazer uma longa viagem, sem saber quando volto, e você vai até a estação de trem para se despedir de mim. Se depois nos comunicarmos por carta ou telefone e nos lembrarmos da despedida, não estaremos falando da mesma coisa, mesmo que imaginemos que sim. A minha lembrança e a sua serão diferentes, isso quando não forem exatamente opostas. Você se lembra de um homem que se afasta em um trem e que acena da janela. Mas eu me lembro de um homem imóvel em uma plataforma e de que ele ficava cada vez menor. É a única coisa que podemos compartilhar: a sensação do outro ficando menorTrata-se de algo que encontra eco em nossas emoções. Quando nos distanciamos fisicamente de alguém, sua presença no inconsciente se reduz progressivamente. Talvez, nesse sentido, o que acontece no nível óptico seja mera preparação para o que acontecerá na mente. Mas voltemos ao início: a experiência nunca pode ser compartilhada. Ela é servida sempre em frascos individuais.

Do livro "Nietzsche para estressados"

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Desculpas

Caramba, que mania de pedir desculpas, 
se não há culpas, 
des-culpar é contradição, 
tirar aquilo que não há...
Não peça desculpas, 
des-ocupe-se do medo, 
des-trave o riso, 
des-cuide do ontem. 
des-peça da tristeza,
e vá ser feliz pra valer...
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Coments recentes

Mar

Mar
De vez em quando tiro o mar de lá e ponho em mim. Só pra refletir a luz da lua.