Respirei fundo.
Senti o cheiro daquela torta de chocolate daquela bomboniere, das frutas maduras daquela lanchonete, do monóxido de carbono daqueles carros, das flores nos jardins daqueles condomínios...
Sacudi a cabeça para afastar os pensamentos e sai andando lentamente em busca de uma rua sem cheiros, de uma rua sem flores, de uma rua em silêncio... onde eu pudesse caminhar devagar e sozinha...sem memórias, sem lembranças...até à praia.
Sem pensar em nada, sem nenhuma vaga saudade, mágoa, ou tristeza.
Segui com passos firmes. Parei apenas pela insegurança para atravessar o trânsito movimentado.
Era o meu primeiro dia ali, de volta...e achei engraçado como na natureza todo o cenário magicamente muda se lhe tirarmos uma peça.
Mas na minha paisagem interior, faltava quase-tudo para compor um background de por-do-sol.
Nada por dentro e por fora além daquela quase-noite daquele sábado, daquele vento quase-almiscarado, daquele céu quase-lilás, daquela não-saudade, e afinal cheguei junto ao mar...
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