quinta-feira, 12 de maio de 2011

acareação


 
Olha no espelho uma, duas vezes. Nada. Olha de novo, vira, analisa o perfil. Não. Olha pra baixo, sobe, olha no olho, procura. Não vê. Maçãs do rosto, boca, nariz, sobrancelhas, franja caindo no olho, cabelos loiros atados na nuca, se distrái com um cacho teimoso à solta no ombro... hummm...Ainda não. Vai descendo o olhar... Pescoço, ombros, desenho das clavículas, os seios...sente-se muito feminina todas as vezes que observa os seus seios...apalpa a cintura perfeita...vira-se um pouquinho para disfarçar a imagem das coxas grossas refletidas no espelho... o bumbum, arrebita um pouquinho para olhar meio de lado...Não...não é bem por aí. Olha no olho de novo, mais fundo, mais atenta. Vai de um olho a outro, como quem pesquisa, com curiosidade, com determinação. Não, não. Pisca, ouve, tenta perceber, se perde, volta ao ponto, se perde. Não está lá. Não está lá. Dá as costas, anda um, dois passos, gira a cabeça, olha por sobre o ombro. Nada. Desiste do espelho e sai. Vai tentar se reconhecer em outro lugar.

Hoje não me reconheço... se não pelo "vir a ser". 
E esse "vir a ser" só virá até mim de hoje em diante através da minha essência.

Hoje não me reconheço.

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De vez em quando tiro o mar de lá e ponho em mim. Só pra refletir a luz da lua.