terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Tá na hora!


"...Sempre chega a hora de arrumar o armário
Sempre chega a hora do poeta a plêiade
Sempre chega a hora em que o camelo tem sede..."
Hoje encontrei no shopping a mãe de uma amiga muito querida, que foi muito importante na história da minha vida. Uma dessas boas surpresas que  faz bem ao coração. A saudade foi tanta, que chegando em casa eu corri para abrir um álbum de fotografias antigo que essa amiga me deu de presente quando partiu.  Ela não morreu fisicamente, partiu por necessidades pessoais. Ela era uma mulher incrível, que Deus separou para ser uma conselheira e abençoar a minha vida. Lendo uma dedicatória linda em uma das fotos, senti uma saudade imensa  de gente que me faz muita falta...Recordei imediatamente do ano de 2009, um ano que foi extremamente conturbado para mim e que levou algumas pessoas para longe, outras para uma outra vida. Um ano marcante e que trouxe consigo enormes mudanças em praticamente todos os aspectos da minha vida e que exigiu de mim uma enorme força interior que, para ser sincera, nem eu mesma sabia que possuía. 

Hoje, olho para trás e sinto uma alegria enorme ao pensar que não me perdi de mim mesma naquele ano, no meio de tantas decepções. Esse reconhecimento sempre me dá a força necessária para seguir adiante. Eu acredito que o mais complexo de um sofrimento não seja a dor em si, mas o que deixamos de fazer quando a dor nos visita ou em quem nos tornamos se não soubermos lidar com ela. As tristezas várias vezes vem e passa pela vida de todos nós, mas conseguir ser feliz apesar disso e além disso, nem sempre é fácil, mas é preciso!

O duo DD - decepção e depressão - pode até querer ser uma visitinha constante por um período,  porém não podemos oferecer camas confortáveis na nossa casinha emocional, devem apenas ser hóspedes temporários que nos ensinam algumas coisas. =D

Saber compreender que uma etapa chegou ao fim, por mais feliz que ela tenha sido, ou por mais danos que ela tenha nos causado, é sinal de que estamos adquirindo sabedoria. O que mais ouço durante todos esses anos em que  empresto os meus ouvidos e o meu coração aos meus pacientes  é: Por quê? Por que isso aconteceu? Por que estou doente? Por que eu tenho que passar por isso? Por que a minha vida é diferente? Raramente alguém dizia: O que eu pretendo fazer com isso a partir de agora? 

O mais interessante é que essa necessidade humana de saber a causa e o motivo de tudo, na grande maioria da vezes, atrapalha muito mais do que ajuda. Existem pessoas que perdem uma vida inteira tentando compreender os porquês de ontem, vivendo de especulações,  sem perceber as riquezas do hoje. 

Hoje eu me sinto mais sensível, para perceber quando um momento tá difícil e  me abstrair... E se, alguma coisa ameaça fugir à compreensão do coração, uso a razão e saio fora enquanto é tempo, para respirar ar puro e não sufocar... =D Tento fazer algumas perguntinhas mais inteligentes do que os ‘porquês’ das situações. Se não obtiver respostas coerentes, não insisto. Acho que adquiri uma percepção muito mais ampla acerca da minha própria existência. Eu aprendi a ter um "quê" diferente , uma intuição especial, um jeito único de sentir as situações que me magoam.  Fico quietinha, em silêncio e oração. Fico mais perceptiva...Assim como um músico "sente" a música sabe? Hoje eu me sinto decidida e profunda para tocar a minha própria melodia e não costumo repetir as péssimas escolhas, desafinos  e equívocos que me fazem sofrer.
 
Nem tudo pode ser explicado, querer entender porque um amor foi embora, o chefe nos demitiu ou o amigo nos ofendeu, pode nos trazer algumas lições, apenas isso. Depois é preciso seguir em frente e olhar adiante.  É preciso abandonar as culpas, os medos, os fantasmas e carregar na necessaire apenas as vivências, os aprendizados e as lembranças que nos fazem bem e que nos tornam melhores. Aprendi que numa fase complicada da vida é uma boa hora para nos livrarmos dos excessos, dos livros já lidos, das roupas não usadas, das bugigangas materiais e emocionais, é hora de limpar a casa e abrir espaço para o novo!
 
Na medida em que eu aprendi que tudo passa, que às vezes nosso tudo não é pra sempre, é um nada...e que a única certeza da vida é a constante mudança, eu me tornei uma mulher menos ansiosa diante dos contratempos e das surpresas cotidianas. Eu sempre acreditei que tudo aquilo que é natural e espontâneo emociona muito mais do que aquilo que é planejado, pois está livre de expectativas. 

A minha amiga sempre dizia que "sempre chega a hora..." E me aconselhava a  ativar o meu despertador interno para não perder essa hora. =D Sempre chega a hora... de  renovar os sentimentos, virar a página, rir de nós mesmas, e chorar, se quisermos, com vontade e com verdade.

Chegou a minha hora de deixar pra trás, esvaziar, abrir mão, não querer controlar tanto as emoções, tornar-se mais leve, não ter medo do ridículo, amar sem medo, aconselhar com o coração e não com a prepotência, enxergar e não apenas olhar, dançar com os ouvidos e esquecer os pés... Não esperar flores, dar flores... beijar como se fosse a primeira vez e se despedir como se fosse a última... apreciar mais as dúvidas do que as certezas, cantar para vida e seduzir a felicidade, ser a melhor amiga de mim mesma... Sinto que é isso que vou conquistar quando desativar esse despertador que não pára de tocar  nos meus ouvidos =D dar uma espreguiçada gostosa, levantar para um novo dia, sem preguiça, e começar a escrever um capítulo inédito no meu livro pessoal, na minha narrativa única, apaixonante e intransferível de ser, simplesmente... eu mesma!

Viu amiga, tô seguindo seus conselhos direitinho! =D
Recebeu os beijos?
I love you pra xuxu!

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De vez em quando tiro o mar de lá e ponho em mim. Só pra refletir a luz da lua.